Temíamos pelo dia em que o Brasil chegaria a 10 mil mortos
pela Covid-19. Esse dia chegou, e ficou lá atrás. Agora, já superamos a marca
de 80 mil mortos e não há sinais de que a curva da doença incline pra baixo.
Quando se fala em morte, não há como dissociar de
sofrimento, angústia e dor. A doença também representa despesas para as
famílias, que muitas vezes precisam recorrer aos amigos ou contar com a
caridade alheia.
As perdas pessoais, nessa proporção - mais de 80 mil -
ganham escala e têm impacto na vida nacional. Esse impacto pode ser sentido na
desorganização da vida familiar, na sobrecarga da rede pública de saúde, no
esgotamento dos trabalhadores do setor. Mas a conta real ainda vai ser feita. E
ela será muito pesada à Nação.
Tudo isso poderia ter sido evitado? Em boa medida, sim.
Bastaria o governo ter levado a sério o vírus, acelerado medidas sanitárias,
adotado o isolamento social e feito uma forte campanha de conscientização.
Lamentavelmente, nossas autoridades falharam. E a falha maior é do governo
federal, que insiste em afrontar a ciência, a doença e a dor dos brasileiros.
Não é só a Covid-19 que avança. A curva da economia também
dispara, mas rumo ao chão. Desemprego em massa, informalidade, queda na renda,
desorganização de setores do mercado, tudo isso é um filme trágico que estamos
assistindo. A Folha de S.Paulo de sábado publicou informações do IBGE,
mostrando que o desemprego subiu e o mês de junho fechou com menos 1,5 milhão
de vagas.
Vivemos época de raras notícias boas. A melhor de todas é o
pagamento do Auxílio Emergencial de R$ 600,00 a milhões de brasileiros. Essas
parcelas de R$ 600,00 garantem comida na mesa do pobre e salvam a vida de muita
gente, inclusive crianças. Ironicamente, o governo algoz da saúde pública
fatura politicamente junto aos pobres. Mas a verdade é que Paulo Guedes queria
dar R$ 150,00 e Bolsonaro falou em R$ 200,00. Por que chegamos a R$ 600,00? Por
que o sindicalismo e os movimentos sociais conseguiram convencer o Congresso
Nacional de que o valor precisava ser maior.
Nosso País é gigantesco, nosso povo é trabalhador e
criativo. Conseguiremos superar esse drama. Mas precisaremos repensar o Brasil.
Tão importante quanto combater o coronavírus é repudiar os governantes omissos
- essa classe dirigente nos empurra para o atraso sanitário, educacional e
econômico.
Precisamos reverter a curva do atraso, essa sim a mais
grave de todas. Com educação, emprego, renda e uma classe dirigente que
trabalhe para os interesses da Nação. Fácil não é. Mas está longe de ser
impossível.


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