quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Independência ou colônia?

Um país, pra ser potência e ter peso no jogo geopolítico, precisa de quatro requisitos: 1) Ter um grande território; 2) Ter uma grande população; 3) Ter muitos recursos naturais; 4) Ter tecnologia desenvolvida. Eu acrescentaria uma quinta condição: ter uma elite comprometida com o próprio país e seu povo.

O Brasil ocupa um dos maiores territórios do planeta, estamos em quase 215 milhões de habitantes, possuímos impressionante quantidade de minérios e outros recursos (incluindo água potável). O que nos falta? Falta tecnologia de ponta e, principalmente, uma classe dirigente lúcida, patriótica e que não se venda aos interesses estrangeiros.

Aquilo que a natureza nos deu está dado. Mas aquilo que depende da ação coletiva dos homens - ou seja, da política - tem sido o nosso ponto fraco. O Brasil está perdendo a corrida tecnológica e isso fica evidente no desmanche de nossa indústria, que a cada ano perde peso no Produto Interno Bruto (PIB).

Infelizmente, o governo colabora pra que as coisas piorem. Governantes atacam a Educação, cortam verbas públicas, enfraquecem a pesquisa e, agora, Guedes/Bolsonaro tentam reduzir o chamado Sistema S - que desde o governo Dutra se consolida como a grande escola técnica dos brasileiros. As escolas do Senai, Sesi e Senac formam os melhores, elevando nosso padrão técnico e de produtividade.

Os cortes em pesquisa têm sido frequentes. Semana passada, o governo anunciou o terceiro deles, deixando sem financiamento 5.613 bolsistas. No total, os cortes já eliminaram 11.811 bolsas. E quem são esses pesquisadores? A maioria é da área técnica ou ligado a atividades produtivas. No caso do CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o governo anuncia que não terá como pagar seus 84 mil bolsistas.

Estamos na sociedade do conhecimento. Países que investem em educação, pesquisa e na ciência aplicada vai ganhar a corrida desenvolvimentista. Quem reduzir investimentos ou enfraquecer redes importantes - como o Sistema S e o CNPQ - vai perder o bonde da história. Vai, na nova divisão internacional da economia, ficar reduzido à condição de colônia dos países ricos e desenvolvidos.

EMENDAS - Só para os deputados federais, o jornal O Globo informa que o governo liberou R$ 2,5 bilhões, a fim de aprovar na Câmara a PEC da reforma previdenciária - isso sem falar em cargos e nomeações. No Senado, onde a PEC se encontra atualmente, houve também liberação de dinheiro público para comprar apoios. Isso não é novidade na política brasileira, infelizmente. Mas cabe perguntar: se faltam verbas para pesquisas e bolsistas, como há dinheiro pra emendas parlamentares?

Um país sem Educação, com baixo grau de conhecimento e desprestígio à pesquisa nunca será verdadeiramente independente. Essa é a verdade?

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